sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.Tempo de absoluta depuração.Tempo em que não se diz mais: meu amor.Porque o amor resultou inútil.E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho.E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.Ficaste sozinho, a luz apagou-se,mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.És todo certeza, já não sabes sofrer.E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?Teu ombros suportam o mundoe ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifíciosprovam apenas que a vida prosseguee nem todos se libertaram ainda.Alguns, achando bárbaro o espetáculo,prefeririam (os delicados) morrer.Chegou um tempo em que não adianta morrer.Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Sylvia Plath

Um poema dela....

Fecho os olhos e o mundo inteiro tomba morto; Abro as pálpebras e tudo de novo renasce. (Acho que inventei você na minha mente.)

As estrelas saem valsando em azuis e vermelhos, E a arbitrária escuridão chega a galope: Fecho os olhos e o mundo inteiro tomba morto.

Sonhei que você me enfeitiçou até a cama E cantou para mim em desvario, me beijou em total loucura. (Acho que inventei você na minha mente.)

Deus desaba do céu, o fogo do infernoabranda: Vão-se os serafins e os homens de Satã: Fecho os olhos e o mundo inteiro tomba morto.

Imaginei que você voltaria como prometeu, Mas envelheço e esqueço seu nome. (Acho que inventei você na minha mente.)

Eu deveria ter amado um falcão, não a você; Pelo menos retornam barulhentos quando vem a primavera. Fecho os olhos e o mundo inteiro tomba morto. (Acho que inventei você na minha da mente.)

Sem respostas e com vazios maiores.

Nunca, mas nunca, em total vivência de minha infância tive a impressão que as coisas rumariam para essa situação, para algo tão difícil de compreender. Um vazio enorme me corroi e não sei explicar, muito menos me expressar o que é. Não posso, não posso de jeito nenhum entregar a verdade, ainda mais quando se entregue a dor pode ser pior e a perda muito maior do qualquer elefante branco.

Ela vem em meu encalce, movida pela curiosidade que pode afundar todas esperanças de todos lados. Mas como isso pode acontecer, maldito coração, que se apaixona por qualquer uma que vive um pouco perto de ti. Coração insolente, mais sofre do que aprecia a divina setença da vida. Assim cada vez me aperta o coração a cada dia que vou dormir, cada dia a incerteza toma meus pensamentos, o suicidio parece uma saída fácil mas imprópria para alguém como eu que degustou pouco da vida e da luz do palco que é proporcionado de vez em quando. Algumas palmas mas na maioria vaias ou silêncios doloridos vêm a tona.


O que será que irá acontecer quando eu dizer? Vou perder algo importante eu acho e ganharei a penúria da desconfiança e do desgosto da minha pessoa.

O que será que irá acontecer quando eu dizer que eu te amo?

Coração tolo esse meu, que se apaixona assim...

Dionysius M.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Um ciclo vicioso

As coisas acontecem como se apresentassem algo em que você se prende. As situações vão se afunilando, e sempre encontrando alguém para se cruzar com pessoas e sinopses vitalícias inesperadas.
Sim, pode ser que sim, pode ser que sempre que encontre o esquecimento que alivia e pode curar, posso encontrar o arrependimento e a memória de antes revitalizada pela tristeza. Como é horrível isso, como pode ser cruel tais sentimentos pregados em nós mesmos sem a menor percepção, quão horrível pode ser o esquecimento revivendo nas entranhas de nossas ideias, nos atrapalhando sempre...

- Não de bola pra essas coisas...

Sim, muito fácil ouvir mensagens alienadas, que parecem uma música que se repete. Queria ter esquecido aquele amor, pois o conforto de outro renovado veio ao meu encontro, mas parece que quando a novidade se esvai, o antigo volta nos enganando, fazendo agirmos como bobos, tudo em vão...

- Vai lá, e fala pra ela...

Claro, irei falar, irei sim. A promessa é a mesma faz tempos e a coragem parece-me sugada do corpo, perante entraves estranhos.
A esperança que me resta, é que o que acreditei não passe de momentos, apenas coisas que se encaminham sozinhas como um rio. A esperança ressurge e uma nova dor parece estar à caminho...

Dionysius M.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

e coisas seguem calmamente e na melancolia de sempre.

Aos poucos conhecendo o sabor da solidão....

Dionysius M.