quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quem sabe.

É muito difícil parar. Olhar e quem sabe até vida em meio ao intenso caos urbano. Não é permitido, quando o sonho está confuso, em meio a pessoas partidas, surgir e brilhar aos desesperados. Como não é possível acreditar em seus ideais para o bem de todos, e poucos, ao mesmo tempo ensandecido usurpador de alegria? O concreto é o que resta ao poeta, triste e observador do comum. Como podes dizer que é impossível tirar a poesia das coisas.
Lhe mande os piores gritos surdos, como trombetas dos anjos caídos, que pediram perdão, lhe restando asas cortadas e bocas impedidas de sussurrar levantes. Pense comigo, o que faria se em meio à eternidade pudesse abrir a boca apenas uma vez. E ao vento espelhasse tremendas acusações, que pudesse fazer pedras, coisas,homens, mulheres e espíritos estranhos falarem, procurando vazão solitário em pura nota baixa, sim, aquela coisa bem baixa, quase inaudível aos idiotas dos dias movimentados, cheio de lucro da solidão.
É muito difícil parar.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Barrado.

Quis viver de poesia,
para declamar meu tudo.
Fui parado com voz de concreto,
mão de lei e empurrão absurdo.

O conforto do povo,
logo foi negado.
Fui parado com voz de ironia,
olhos de lei e ódio incorfomado.

Sem onde escrever,
Nem onde ter sonhos.
Fui parado com tristeza,
dor e um final medonho.

Dionysius M.

à Telma Scherer, escritora.

à Kakau, sonhadora.

à liberdade de expressão, natimorto.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ainda aberto.

obs.: conto para ler ouvindo as músicas: Luz negra, Preciso me encontrar, Folhas secas e Silêncio de um bamba.

Não havia mais para onde ir. Ônibus, Luz, amigos, vida haviam de se recolher, porque aquela noite era suja. Sim, completamente encardida de sorrisos maliciosos, fumaça e destilados.
Resta apenas minha pessoa, tão perdida quanto esse breu avassalador. Um bar é necessário.
O ambiente é esquisito, envolto em luzes coloridas, mais fumaça entre drogados, prostitutas, cachaça e minha vida, por onde entrei para parar aqui? A ladeira que escoa minha fraca existência é em direção a luz negra? É melhor destilar tristeza em risadas, e quem sabe até xingamentos sobre fulana, sobre o sistema e a principalmente a vida, não, não, deveria reclamar unicamente da morte, por querer existir, por impedir utopias. Relamen...
- Senta aqui guri.
Um homem velho, acabado, de cabelos alvos e óculos escorados no nariz, na maior da imponência sábia me pega pela mão e traga-me em uma realidade sempre desejada. Voz rouca, realidade estranha.
- Já ouviu o som de folhas secas? - Com uma cara bastante majestosa, daquelas de histórias de velhos em volta de uma fogueira. - Não. - Secamente respondo.
- Um dia, quando o tempo te avisar, vai lamentar de tudo.
- Sei...
Que bobagem a ser dita, logo para um cara tentando se encontrar entre versos rígidos do asfalto diário e das calamitosas lembranças, com plenas faltas de saudade, sim realmente quem é ess...
- Guri, vai ver o sol nascer e chore, muito.
Caio fora daquela mesa, que imprudência dar ouvidos pra um velho no meio de um buteco de merda, originalmente o plano de um harém que seria mais gratificante, à sim! Fazer fogo em qualquer uma da noite, se acabar na delicia carnal, claro, claro... Mas posso novamente dar uma olhada naquela figura bizarra, muito familiar. - Ué? Cade o cara?? - Sumiu, sabia que um bamba imortal jamais se materializar ia assim todo dia, o homem do violão que tinha outro instrumento no nome deve ter tido as piores amarguras, daquelas que ignorantes da vida, acham que parece com picada de cobra, com seu antídotos do tempo. As badaladas temporais de bilhares de relógios não conseguiram cura-lo. Acho que devo mesmo ver o sol nascer.
- Sempre mereceu o silêncio Nelson.... - Mãos no bolso, um observada na serração: apenas o compasso do silêncio.

Dionysius M.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Um poeminha.

Brinquei de estranheza,
ao passar incólume
na avenida esnobe,
no dia de cheia.

Te disse mentiras,
doçuras e planos.
Assim inventos,
feitos em tiras.

Se não acaba o poeminha, foi porque faltou verdade.
E devorar-te-á pra dentro de um conto.

Dionysius M.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ver.

E se um dia fosse estrelado, com eternos sorrisos e facetas mal compreendidas. E se um dia o contentamento se encontraria com o contente, para deixar o descontentamento. Se Loucura, sim essa mesma com maiúscula, deixasse de flutuar em âmbitos de moral e desprestigio, logo em seguida arrefecendo a realidade, essa sim enlouquecedora.
E se esse dia casa, calçada, amigos, sol, raios, aguá, passado, tristeza, mascarás, pudessem conviver na mais plena contradição de qualquer ser, revisitando sempre em um constante estado de movimento. Sim, esse dia ninguém acreditaria, não muito pior, nunca percebem pois esse dia é hoje, ontem e quem sabe amanhã.
De graça, sempre foi oferecido essa estranheza que mistura energias cósmicas com problemas rotineiros. É óbvio que é de graça. Utilizando fones do distanciamento pra esquecer o tudo no qual te rodeia, qual o problema?Tem gente usurfruindo deles sempre! Irá dizer agora que é algo inumano, insensível, insano e indefectível. Óbvio que não, apenas caminhe "sem lenço nem documento", sem peso nem consentimento, sem verdade sem vergonha. Olha! Um cinema pela frente, com um filme em cartaz, com seu nome e uma data, bem grande, chamando atenção de vários desconhecidos, ora não era isso que desejava? Ai está o desconhecido entrando em você com o ingresso de graça, pois é muito óbvio.
E se esse dia fosse anteontem ou depois de amanhã, gostaria ainda de estrelas, de eternos sorrisos e facetas? O desconhecido, o estranho, aquilo nebuloso até onde se encherga é o preço para que se veja realmente esse dia.
Dionysius M.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Fiz música Caio!

Caros criticos.

Há tempos ando praticando minhas habilidades, muito questionáveis digasse de passagem, no violão. Passei algum tempo em crise por causa que todo dia ia dormir e via meu violão sem corda, melancólico, em um canto. Porra, o instrumento parecia vociferar quase palavras de ódio e rancor contra mim, pelo estado em que eu deixara ele.
Então, eis que aparece um bendito trocado de um trabalho já esquecido e consegui devolver uma parte da alma daquele violão, e da minha também. E agora voltamos nosso namoro de Rés, Dós Sustenidos e Mi menores. Somos um dupla entanto, acabamos com um ouvido de qualquer pessoa sã em minutos. Se for músico, não passa nem dos centésimos. Somos muito mais que namorados, dupla ou agentes do caos musical. Cúmplices nos tornamos depois que ele aceitou meu pedido de desculpas com um encordamento novinho, bendito capitalismo tira e dá toda hora.
Mas, esse tema de melancolia de um violão sem cordas fica pra próxima, pois não é que ai quero chegar hoje. Comprei também aqueles guias práticos pra tocar violão - sim além de desalmado musicalmente, sou muito chinelo - e desenvolvo cada vez mais minhas técnicas. Me empolguei e decidi que devia compor, sim, sim. Pensei em fazer algo Cazuza ou falar sobre rotina e desemprego no capitalismo - meio Cazuza também não? - mas parecia algo idiota, simplesmente. Tentar se basear e subestimar um poeta brasileiro era megalomania demais, só porque tinha comprado cordas novas e aprendido pestanas diferentes. Queria ser um pouco mais drástico nesta reestréia, pois a vida é sempre reestréia haney, ou faria algo apertando alguma ferida crucis da vida ao estilo Caio F. e Clarice ou quem sabe alguma homenagem de peito e alma. Como vivo fazendo homenagens à amigos vivos, decidi fazer para quem já se foi faz tempo, alías nem conheci o homem. Compus algo para Caio Fernando de Abreu, e o negócio saiu bom, meio cuspido meio bom grado, pois doía um pouco falar sobre alguém que causou alguma diferença só que nunca conhecera, então quando cantei e toquei aquelas notas com aquela viola, tinha a ideia de fazer como se fosse uma mensagem para o além ou pro outro lado, qualquer coisa póstuma que tolos como nós acreditam. Se é verdade, a minha curiosidade vive conversando comigo sobre isso, mas acho que quero mais tempo pra descobrir.
Obrigado Caio por deixar aqueles livros, por mais que tenha doído muito para completá-los, agora entendo.

Dionysius M.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Qual esquecimento não é doloroso?

Caros críticos. Certa vez, no quartel passei por uma situação que conseguiu cravar uma lança de “peso emocional” em minha alma. Não estava em guerra, muito menos em alguma situação extrema de sobrevivência, estava apenas no que todos ouvem sobre o tempo do obrigatório de quartel.
Estava em serviço e uma situação conseguiu fazer com que refletisse sobre o homem e a existência que o rodeia.
Um homem, pra bem dizer um velho, apareceu naquele sábado ensolarado e quente. Estava na situação de cancela do portão, algo como se fosse o controlador do que chega e sai do batalhão de onde servia. Aquele ser senil chamou-me a atenção pelo seu estado de abandono e descrédito, praticamente um mendigo. Mas, tinha um papel em suas, calejadas e cheias de rugas, mãos que desafiavam meu preconceito de gente decente que visitava o quartel.
Não me conti e perguntei com certa arrogância e violência, que só a juventude e a confiança de um militar poderia conceber, por que ele estava na frente daquela fortaleza contemporânea. Ele queria saber sobre a homenagem que iria acontecer referente aos praças que serviram à quarenta ou cinqüenta anos atrás no Batalhão de Policia do Exercito.
Eu era treinado para rolar e atirar, conter avanços e sobre saltos, mas nunca situações como aquelas que requisitavam uma frieza sobre-humana. Não sabia como falar ao homem que a homenagem havia acontecido à alguns dias atrás e provavelmente não teria outra, se não nos próximos cinqüenta anos.
Quando olhei os olhos daquele homem na minha frente desabei em desalento no meu interior. Olhos que esperavam por uma boa notícia que não fosse uma resposta negativa ou "que foi um engano". O silêncio foi abrupto e tornou-se tão grande e frio quanto a cancela entre eu e ele.

Olhei para o chão, pois não conseguia encara-lo e informei que já havia acontecido fazia alguns dias. O homem abriu a boca como se fosse cair sem ar, mas eu repetia que foi uma grande "judiaria", porém ele não me ouviu... De certo, já havia escutado tantas coisas ruins que esta era só mais uma que se acrescentara no seu currículo de infelicidades.
Ele virou, disse um obrigado gélido como uma lâmina samurai e sumiu na rua daquele morro, onde ficava o quartel. Fiquei paralisado olhando as pegadas do chinelo do homem na areia que logo sumiriam, tal como a lembrança de tempos antigos que aquele homem pensou em reviver.

Lembro-me que aquela situação me afetara, pois havia participado da formatura de homenagem, no qual conservava uma beleza nostalgica que jamais contemplei. Não era o único entre os recrutas e superiores que chorararam ou tinha os olhos em lágrimas. Estou longe de ser um apaixonado pela nosso pátria amada, assim como muitos contemporâneos, contanto a realidade era que todos se sentiam tocados pela cena de vários homens de bastante idade marchando com toda sua energia que conseguiam dar naquele momento.

Não chorei ao ver o homem esquecido indo embora, mas aquilo foi algo que gostaria jamais viver, mesmo que estejamos fadados à isso. O esquecimento.

Dionysius Mattos

quinta-feira, 25 de março de 2010

Momento Ilusório



O sol se punha, e a noite colocara seu esplendor misterioso no céu. Sombras iniciavam suas articulações em vários cantos e o barulho da solidão ficava cada vez mais denso. Ele sabia que essa seria sua punição por ter decidido afrontar a leis das coisas.Algumas horas anteriormente, ao sair daquele bar, percebera que lhe restava agarrar-se à um cobertor de desesperança.

Deixara uma menina chorando naquele bar, deixara uma solução para alguns problemas no outro lado da rua.A noite já era soberana, e um drinque era tão necessário quanto uma lufada de ar no pulmão. Ele negara o amor nesta noite, sendo levado pelo remorso ao cais da cidade. Com uma garrafa como companheira desabafou com a Lua.

Tinha vergonha de tamanha covardia que havia feito a Heloísa.Amara intensamente por dias, lambuzou-se em excessos com aquela mulher por vários meses. Tinha certeza que achara um sentido para aquela existência mórbida e dolorosa. Mas o peso de não poder dividir um futuro e satisfazer alguém que ele amava o torturava, decidindo por fim naquilo. A negou por três vezes naquele bar, como diz naquelas histórias da Bíblia. Não era Judas, não trairá ninguém, mas não foi capaz de amar, como Pedro. A garrafa já estava vazia e o chão era algo movediço.

Heloísa venho atrás dele, mas quando ele notou a garota, lhe alertou para não chegar perto, pois a desgraça estava feita.Foi muito rápido, realmente o abraço da morte é um mistério, pois ele se jogou na frente de um sedan que passava perto do cais, voando em direção às águas. Heloísa não entendera nada e foi tentar salvar seu amado, mas era impedido por algum popular que acompanhava a cena. Ela queria amá-lo mais uma vez, mas o corpo inerte e sem vida não ofereceria novamente essa oportunidade.

Heloísa sabia que ele era “soro positivo”, assim dividiu aquele fardo por livre espontânea vontade, e encurtou a própria vida para amar alguém condenado a não poder desfrutar a vida normalmente. João não vivia fazia anos um amor, e quando surgiu, perdeu-se na melancolia, em vez de perder-se no amor. Heloísa quis dividir o fardo do amado, e em uma noite deitou-se com João, amou, em vez de se sentir morrer, sentia uma voragem pela vida. Não, não tornara-se uma condenada, podia com partilhar a dor de seu parceiro, porém João nunca se perdoou por "encurtar" a vida de Heloísa com a doença que nem sabia com havia adquirido, João desde aquele momento viveu entre profunda paixão e terror. Mas agora, jamais se saberia, Heloísa irá até o fim carregando sozinha a culpa de não entender e o fardo em sua alma.

Apenas tinha uma convicção, o amor a enganou e a destruiu.

Dionysius M.

No terreno baldio.

Ele simplesmente desistiu da maré humana de todos os dias, aglomerada em meio ao caos organizadamente assustador e eterno . A solução foi encontrar uma brecha para essa infinita corrente de desespero e acomodação, um local onde poderia parar.

E a brecha foi achada, para lá se assentar, passando sois e luas, invernos e outubros. Décadas era algo perturbador, que ele esquecera de lembrar. Lá ele podia viver, morrer e correr. A vontade era apenas pela vida, e a fome e tristeza se tornaram meras lembranças, para mais em frente terem como companhia muitos anseios que decidira apagar da existência.Não mais pessoa se sentia, e sim algo que fluía através daquele terreno.

Ao olhar para a cerca ao lado, despertou uma lembrança sobre aquela que lhe dava algum conforto carnal e emocional... Porém a imagem começava sumir, algo que realmente não desejava, e lágrimas voltaram à existir. Sentiu a melancolia escorrer o rosto, sentiu suas mãos suar, sentiu seu corpo se mexendo, a vida não era mais moldável e sólida como antes e sim distante voltara se tornar, como sempre foi. Humano novamente, retirou-se daquele terreno baldio, onde por alguns segundos seus pensamentos ficaram incontáveis universos distantes do peso da realidade.

A maré humana insiste em continuar a percorrer um fluxo sem fim, como se fosse um monstro sem face à caminhar rumo ao fim do mundo. João conseguira fugir naquele terreno mas para poder ficar por lá para sempre deveria esquecer tudo, para se-lo só seu, mas a lembrança dela o impediu de tornar-se próprio de toda existência, pois em meio àquele fluxo de gente, sua Eurídice estava lá.

João novamente adentrou o terreno baldio, para lá esquecer de tudo , só que desta vez em definitivo, pois resgata-la daquele inferno e salvar-se a si mesmo era impossível.

sexta-feira, 19 de março de 2010

O um de todos (2)

É, não consegui sobrepujar minha sofridão.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O um de todos.

Tentarei adentrar em um estilo que pouco ouso escrever, que é a crônica. Por isso, além dos erros de personalidade que constantemente apresento, outros erros acompanharão esta reestréia.
Soube que um amigo irá casar, e ele não é o primeiro que conheço de meus amigos que seguirá esse caminho. Provavelmente outros seguirão tais preceitos, porém mesmo assim me parece algo distante uma união tão grande a ponto de entrelaçar todos interesses.
Pior, muito pior, não vejo no horizonte de tantas caminhadas solitárias o acompanhamento de alguém. Sim, sinto me só demasiadamente, e quando vejo outros sinto inveja. Ser desprezível é um solitário fazendo-se de coitado, querendo a pena de outros, e nesse parâmetro me encaixo.
Nessas horas todos tem suas mandingas para fugir da doença que vários poetas exaltaram trocentas mil vezes, aliás todos passam por tal momento, mas que situação de tanto sofrimento, quão pesada é as horas quando se sente solitário e inútil. Alguns acabam com a tal depressão e se atrolham de remédios e antidepressivos para fugir de um vicio para mais tarde cair em outro.
Por isso lanço um desafio nesta crônica, um flerte com este sentimento de solidão, no qual é tão inerente a raça humana quanto sexo e alimento. Apenas exaltar a situação incomoda e é ruim, me parece apenas um choro de alguém que se entregou à uma verdade aumentada por outros, tal como pingos de sangue no mar.
Essa doença existe porque todos querem atenção, nem que seja do psicológo ou algo do gênero. Flertar deliciosamente com solidão me atrai muito mais que estagnar-se no colo de amigos na procura de atenção. Agora, domino ela e quando vier na minha porta, fecharei os olhos para dançar uma valsa sem som algum com uma companheira que à tempos tentei me afastar. Sou dela, e dela devo padecer por vezes para futuramente me gabar dela. Isso é um desafio a solidão, será que ela consegue me acompanhar no dois pra lá e dois pra cá de um valsa sem melodia nenhuma ?