segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ainda aberto.

obs.: conto para ler ouvindo as músicas: Luz negra, Preciso me encontrar, Folhas secas e Silêncio de um bamba.

Não havia mais para onde ir. Ônibus, Luz, amigos, vida haviam de se recolher, porque aquela noite era suja. Sim, completamente encardida de sorrisos maliciosos, fumaça e destilados.
Resta apenas minha pessoa, tão perdida quanto esse breu avassalador. Um bar é necessário.
O ambiente é esquisito, envolto em luzes coloridas, mais fumaça entre drogados, prostitutas, cachaça e minha vida, por onde entrei para parar aqui? A ladeira que escoa minha fraca existência é em direção a luz negra? É melhor destilar tristeza em risadas, e quem sabe até xingamentos sobre fulana, sobre o sistema e a principalmente a vida, não, não, deveria reclamar unicamente da morte, por querer existir, por impedir utopias. Relamen...
- Senta aqui guri.
Um homem velho, acabado, de cabelos alvos e óculos escorados no nariz, na maior da imponência sábia me pega pela mão e traga-me em uma realidade sempre desejada. Voz rouca, realidade estranha.
- Já ouviu o som de folhas secas? - Com uma cara bastante majestosa, daquelas de histórias de velhos em volta de uma fogueira. - Não. - Secamente respondo.
- Um dia, quando o tempo te avisar, vai lamentar de tudo.
- Sei...
Que bobagem a ser dita, logo para um cara tentando se encontrar entre versos rígidos do asfalto diário e das calamitosas lembranças, com plenas faltas de saudade, sim realmente quem é ess...
- Guri, vai ver o sol nascer e chore, muito.
Caio fora daquela mesa, que imprudência dar ouvidos pra um velho no meio de um buteco de merda, originalmente o plano de um harém que seria mais gratificante, à sim! Fazer fogo em qualquer uma da noite, se acabar na delicia carnal, claro, claro... Mas posso novamente dar uma olhada naquela figura bizarra, muito familiar. - Ué? Cade o cara?? - Sumiu, sabia que um bamba imortal jamais se materializar ia assim todo dia, o homem do violão que tinha outro instrumento no nome deve ter tido as piores amarguras, daquelas que ignorantes da vida, acham que parece com picada de cobra, com seu antídotos do tempo. As badaladas temporais de bilhares de relógios não conseguiram cura-lo. Acho que devo mesmo ver o sol nascer.
- Sempre mereceu o silêncio Nelson.... - Mãos no bolso, um observada na serração: apenas o compasso do silêncio.

Dionysius M.

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