quinta-feira, 26 de março de 2009

Para não dizer tristeza.

Havia aula em março, recomeço para uns, fim para outros. Elias e Camila tinham aula no mesmo colégio, e viviam se provocando no intuito de ver quem teria a maior doença de tristeza, um mal do homem contemporâneo. Ou só mais um jeito complexo de se dizer que está mal do sentimento, que lhe falta felicidade. Elias ia para aula de ônibus, bem cedo e o intinerário entrava fundo em locais humildes, no qual a humanidade se resumia a restos de madeiras entulhadas como morada, onde olhares se perdia em alguma esperança de algo utópico. Ela por outro lado, ia em um intinerário mais pomposo e urbano, por bairros ricos, no mesmo horário do trajeto de Elias. Nos dois caminhos, pessoas cinzas, bucólicas, com olhares preocupados, cheias de uma tristeza que nenhum abismo seria capaz de ser mais fundo.
Os dois se encontram no salão principal do colégio e descutem verbalmente para ver que tem a maior dor, a maior depressão sentimental. Elias fita Camila com uma calma assassina e lha fala:
-A tristeza de quem tem tudo, ou a tristeza de quem não tem nada?
Camila rapidamente responde com um certo desconforto: -Voce é ridiculo!
A garota mostra a mão aberta para Elias e sai caminhando agarrada aos seus materiais de estudo como se procurasse algo para se segurar, para não despencar em mais um dia cinzento. Camila após refletir sobre o que o rapaz falou, sentou-se numa mesa da lanchonete, bem no fundo, tomou um gole,demoradamente, de seu refrigerante e chorou.

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